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Foto do escritorRevista Personalità

A trajetória de um homem exemplar

Atualizado: 17 de jul.


Cel. Concesso Vitor Filho


Concesso Vitor Filho é um homem com uma trajetória de vida de grande êxito. Aos 65 anos, ele coleciona histórias admiráveis e experiências marcantes. Uma pessoa ímpar, que traz em sua personalidade grandes valores e princípios éticos e morais sendo a honestidade herdada pelo pai que se destaca em seu caráter íntegro e ilibado. “Ser honesto é imprescindível”, diz.

Nasceu em berço militar. Mesmo assim, a profissão foi escolhida por vocação, embora sabendo dos desafios que envolviam a carreira. Desde criança, viveu de perto a rotina de militares, tendo passado grande parte da infância dentro de quartéis.

A experiência militar lhe trouxe grandes aprendizados que são referências em sua vida. Ingressou na PMMG (Polícia Militar de Minas Gerais) de forma muito natural, em 1978. Após formar aspirante, em 1983, ele passou por diversas patentes até entrar para reforma como Chefe do Estado Maior do 9º Comando Regional de Uberlândia, em 2008. Junto aos colegas de farda, Concesso é um homem muito estimado. Um militar



que sempre se destacou pela lealdade para com seus pares, sem bajulação ou submissão. Em relação a segurança pública, ele traz uma crítica firme com um posicionamento coerente. Uma demonstração de que conhece todo o sistema e reconhece que a solução para melhorar o atual cenário não vem do dia para a noite. Concesso considera a família seu porto seguro. “Um lugar sempre de portas e braços abertos para nos acolher, em caso de necessidade”, destaca.

Este taurino é casado com a editora da revista Personalità, Luciana Vitali De Vito e Vitor, recebeu o apelido carinhoso de “Amore Mio”. Uma relação que é de grande parceria, respeito e admiração que pulsa há mais de duas décadas. “O brilho dela só me faz bem”, ressalta o esposo apaixonado. Um amor que desabrochou de forma sutil. “Duas almas sozinhas não resistiram à oportunidade. Aconteceu”, diz.

Nesta entrevista especial concedida à reportagem da Revista Personalità, conheça mais a história de vida deste homem exemplar que é Concesso Vitor Filho.


Quando ingressou na Polícia Militar?

Meu ingresso se deu em 31 de março de 1978, no Curso de Formação de Oficiais, na Academia Militar da PMMG, cuja duração prevista era de 5 anos, em regime de semi-internato. Formei "Aspirante” em outubro de 1983.





Por que escolheu esta carreira?

Na verdade, eu nasci em uma família de militares. Sou o 5° filho de uma prole de 7 e quando nasci, meu pai era Cabo da PMMG, tendo se aposentado como 1º Sargento. Meus tios eram da PM e quando chegou minha hora de decidir, meu irmão mais velho também já era Tenente da PMMG. Então, minha infância foi vivida dentro de quartéis e muito próxima da rotina de militares. Nem pensei em ser outra coisa! Era aquilo que eu queria pra mim, apesar de saber e conhecer todas as dificuldades da carreira, principalmente, dos riscos de vida e dos baixos salários da época. Então, era vocação mesmo!


Quando entrou para a reserva?

Cumprindo o que prescrevia o estatuto da PMMG à época, fui para a reserva quando completei exatos 30 anos de serviços prestados à PMMG em 2008.


Qual a sua maior qualidade?

Eu acho que é a honestidade, que aprendi com meu pai. Esse era o carro-chefe da educação que meu pai passou para os seus 7 filhos. Claro que, nessa educação havia uma série de outros valores de igual importância, mas ser honesto é imprescindível. Vencer pelos próprios méritos, sem pisar e nem prejudicar ninguém. E dentro da profissão, acrescente-se a lealdade à Corporação, aos superiores, iguais e subordinados, sem bajulação ou submissão.

Qual a maior lição que traz sobre essa experiência na Polícia Militar?

Ah! A Polícia Militar é uma grande escola. Ela me ensinou tudo que sei: de pregar um botão na camisa até lidar com situações complexas e de risco, mas o cerne de todo o aprendizado é a disciplina e a hierarquia. Sem isso não existe vida em sociedade. Até mesmo a família se desmancha, se não houver hierarquia e disciplina.



E defeito?

Vixe! Certamente, como ser humano, tenho vários defeitos, mas um que destaco porque foi difícil vencer era não gostar de acordar cedo. Meu sono nas primeiras horas da manhã era um sono doido, quase um desmaio. (risos) E esse defeito é terrível para um militar que deve acordar cedo e ser pontual em seus compromissos.


Em rápidas palavras você pode nos contar em quais unidades ou regiões serviu?

Assim que me formei Aspirante em 1983, fui designado para o 12º BPM/Passos, permanecendo no Sul de Minas por 18 anos, passando pelas cidades de Machado, Pouso Alegre, Itajubá, Lavras e Varginha, de onde já saí Major, transferido para Uberaba, depois Uberlândia e Belo Horizonte, com retorno à Uberlândia em 2006, onde encerrei a carreira.



Como você se sente sabendo que sempre foi querido pelas tropas por onde passou?

Claro que não sou unanimidade, mas no geral, sempre tive um bom relacionamento com minha tropa. Eu os considerava e ainda considero como minha segunda família. Exceto junto de minha família, o melhor lugar para estar é ao lado dos irmãos de farda. Ali, eu me sinto seguro. Mas tudo isso é fruto de lealdade. Como Executivo e Dirigente da Polícia Militar, minha missão era zelar pela correção de rumos e fazer com que a Corporação funcionasse bem na proteção da sociedade. Para tanto, tinha a hora de premiar e elogiar, mas também a hora de repreender e punir quem se desviava. E aí, sempre vai haver aquele que acha que foi injustiçado quando punido ou repreendido. Esse, certamente não vai gostar do chefe que o repreendeu. Isso é próprio do ser humano. Mas se agirmos com lealdade e jogarmos aberto, até mesmo na hora de punir, os efeitos negativos serão menores. A autoridade tem que ser exercida com respeito ao subordinado.


Para você, qual o significado de família?

Tudo! Família é o nosso porto seguro. É o aconchego. É para onde voltamos sempre que algo sai do rumo. A gente nem precisa estar grudadinho fisicamente com a família o tempo todo, mas só de saber que existe uma família nos esperando, um lugar sempre de portas e braços abertos para nos acolher, em caso de necessidade, é bom demais! Essa é a tranquilidade que todo ser humano necessita para enfrentar sem medo as dificuldades que a vida nos impõe.


É casado com Luciana. Como tudo aconteceu?

Esse é o verbo correto: aconteceu! Nós dois estávamos vivendo momentos finais de relacionamentos anteriores. Ninguém estava procurando ninguém! Nos conhecemos no trabalho. Eu no meu trabalho, ela no trabalho dela. Fomos apresentados. Parecia que ia ficar só na admiração mútua da apresentação, mas o destino já tinha armado a sua estratégia. Um amigo comum se travestiu de cupido e passou a fazer um jogo duplo entre eu e a Luciana. Ora falava para ela que eu estava interessado, ora falava para mim que ela estava interessada. Isso acabou favorecendo outros contatos entre nós e aconteceu. Duas almas sozinhas não resistiram à oportunidade. E a gente começou bem devagarinho, fomos nos conhecendo melhor, até que decidimos nos casar em 2008. E lá se vão mais de 20 anos...!




Como é a convivência com ela?

É uma convivência maravilhosa! A Luciana tem uma alma iluminada! Um astral sempre nas alturas! Uma risada fácil e deliciosa! Um bom humor que cativa qualquer alma desesperada.... E a gente aprendeu com a vida que a vida a dois depende de que cada um respeite o espaço do outro. E isso nós dois fazemos bem! Eu admiro as qualidades dela e fico muito feliz com o sucesso dela! Quero que ela cresça mais e mais. O brilho dela só me faz bem. E tenho certeza que ela pensa o mesmo sobre mim. A gente só se ajuda. Ninguém empata o crescimento de ninguém.





Como procura lidar com as adversidades?

Com muita calma e paciência! Com o tempo a gente aprende que perder faz parte da vida. Não ganhamos sempre! Ser resiliente é fundamental. Apenas não devemos ceder àquilo que fere nossos princípios éticos e morais. Tirando isso, os obstáculos que a vida nos impõe são sempre contornáveis, se estivermos preparados para ceder quando necessário.


Como você está vendo a segurança pública no País hoje?

Com muita preocupação! Para tentar explicar esse assunto, teria que escrever um livro, mas vou tentar resumir em algumas palavras. Toda a nossa elite dirigente atual foi formada em universidades dos últimos 40 anos. Aí estão incluídos todos os dirigentes de todas as instituições civis e militares: judiciário, Ministério Público, OAB, Forças Armadas, Polícias Civis e Militares, Políticos de uma maneira geral, com destaque para o legislativo e a grande mídia. Pois bem, com raríssimas exceções, essa elite dirigente foi



altamente influenciada por uma ideologia de Esquerda, progressista e garantista. Para essa turma, o bandido é necessário, o pobre não tem importância e o ignorante é a sua massa de manobra. Nossos legisladores não fazem leis pensando no cidadão de bem, que produz a riqueza deste país. As leis são feitas pensando no bandido. Só para se ter um exemplo de alguns institutos legais dos últimos 40 anos: auxílio reclusão, cujo valor é maior do que o salário mínimo; visita íntima para os presos; 4 datas de saidinhas por ano (derrubada pelo Congresso Nacional em 29/05/2024); audiência de custódia; progressão de pena e regime, etc. Ou seja, nada disso traz benefício para o cidadão de bem. Tudo beneficia o infrator da lei. Tudo dificulta a vida dos policiais. Em resumo: nossa legislação é horrível. O bandido não teme a lei e nem os juízes. O bandido só



teme a polícia. Nosso sistema prisional não recupera ninguém e tampouco tira o criminoso do convívio social. Enquanto o código penal estabelece 40 anos para pena máxima restritiva de liberdade, o código de execução penal estabelece uma série de benefícios e progressões que, ao final, alguém condenado a 40 anos volta às ruas após cumpridos apenas 5 ou 6 anos de prisão.


Como mudar esse cenário atual da segurança pública. Existe solução?

Como um país pode ter segurança, quando a sua Suprema Corte proíbe a atuação da Polícia em determinado território, deixando o caminho livre para o crescimento e maior organização do narcotráfico e do crime organizado, como ocorre no estado do Rio de Janeiro hoje? Para resumir: O Brasil possui as melhores Polícias do mundo. O nosso problema de Segurança Pública está na impunidade, na bandidolatria, na corrupção de membros de todas as instituições como o Judiciário, Ministério Público, OAB, etc. Ou seja, não existe solução fácil e nem a curto prazo. Não existe solução rápida para essa situação, a não ser que ocorra uma virada como aquelas havidas em El Salvador e no Equador, onde não só os criminosos comuns estão sendo caçados, mas também, e principalmente, as autoridades policiais, políticas e judiciárias corruptas estão sendo presas e responsabilizadas pelos seus crimes.




Faça um comparativo da polícia de hoje com a polícia que você ingressou.

Não é possível fazer uma comparação pura e simples entre os dois períodos. Cada uma foi preparada e treinada para o seu tempo. De modo que a Polícia atual tem muito mais recurso tecnológico, armamento e equipamento do que a Polícia de 40 anos atrás, mas enfrenta também uma criminalidade mais evoluída e preparada tecnologicamente. A diferença importante que eu destaco é que os policiais de 40 anos atrás eram mais vocacionados do que os de hoje. Antes, ser policial era 100% vocacional e amor à atividade. Hoje, me parece que é, para a grande maioria, apenas um bom emprego. E isso faz uma diferença enorme em termos de eficiência e resultados.


Qual o conselho que daria para quem quer seguir a carreira militar?

Se tiver vocação para a disciplina e respeito à hierarquia, vá em frente! Para mim, é a melhor profissão do mundo! Apesar de todas as dificuldades e riscos, não existe melhor lugar para se cultivar o companheirismo e lealdade aos colegas de trabalho.



Qual o recado que gostaria de deixar para a categoria?

As Polícias, em especial a Polícia Militar, é a última e única barreira entre o cidadão de bem e o bandido. As demais instituições já se perderam pelo caminho. Portanto, honre a importância de sua função social, como protetor do cidadão de bem, que produz a riqueza deste país e não desista de sua nobre missão, ainda que tenha que lutar contra o sistema. O cidadão de bem espera isso de nós, embora às vezes não nos compreenda.

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