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Cultura

Homenagem a Amilcar de Castro leva arte de Uberaba para o MuBE Traços firmes na direção do céu de 18 metros de altura e mais de 20 toneladas, a obra é a mais gigante extravagância do artista mineiro


Rose Dutra







Fazer uma arte que superasse as limitações do corpo humano sempre esteve no topo dos desejos do mineiro Amilcar de Castro, um dos maiores artistas brasileiros do século XX. Depois de testar o cobre, o mármore, o aço inox e a madeira, escolheu as chapas maciças de ferro, que sustentam grandes e pesadas esculturas. Ao dobrar as chapas, o artista deixou claro que é possível ir além.

Amilcar nasceu em Paraisópolis, no interior de Minas Gerais, e se tornou um dos grandes nomes da arte contemporânea. Suas obras impactam tanto, que o levaram a ganhar por duas vezes o prêmio da Guggenheim, em Nova York.

O MuBE-Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, em São Paulo, decidiu comemorar o centenário do artista com a exposição “Amilcar de Castro: na dobra do mundo”. O curador Guilherme Wisnik diz que o projeto da exposição foi como a própria obra: ousadia em grande escala.

A arte adquirida pela Universidade de Uberaba (Uniube), que torna imponente a entrada da universidade, faz parte da exposição. O reitor da Uniube Marcelo Palmério conta que depois de concluídas as obras do campus aeroporto e da rotatória em frente à universidade, sentiu vontade de colocar ali um monumento para valorizar ainda mais a entrada/saída da Uniube.

A sugestão de uma obra do artista mineiro Amilcar de Castro foi do amigo do reitor, o jornalista Mauro Santayana. Amilcar esteve em Uberaba, fez o projeto e Palmério o levou para conhecer a empresa de estruturas de aço na cidade, a Tecnaço, onde o engenheiro Carlos Alberto Marzola coordenou a confecção do grandioso monumento.



A diretora-presidente do MuBE, Flavia Velloso, em contato com Palmério, falou da proposta do museu de levar a obra para fazer parte da exposição que homenageia Amilcar pelo seu centenário. O reitor ficou surpreso, afinal a obra tem 18 metros de altura e mais de 20 toneladas, mas Flávia argumentou que o MuBE tem a competência e a experiência para transportar obras de grande porte. “É uma colaboração nossa para mostrar para São Paulo e para o Brasil, a importância das obras do Amilcar de Castro”, disse Palmério.

Genuíno artista do concretismo, Amilcar dialoga com a arquitetura de Paulo Mendes da Rocha, em perfeita harmonia no espaço do museu. Enlutando a arquitetura mundial, Paulo Mendes faleceu, aos 92 anos Como uberabense e ex-aluno do Amílcar, o artista plástico Hélio Siqueira aplaude a grande iniciativa. Parabeniza o artista por ter criado uma obra tão original para a cidade; cumprimenta o reitor da Uniube Marcelo Palmério pelo investimento e instalação da escultura, e celebra Uberaba, por ter em seu acervo público uma obra de arte contemporânea de grande valor artístico.

Siqueira destaca que mesmo tendo quem não consegue entender o impressionismo, fica feliz de ver a obra de tamanha grandeza fazer parte da exposição comemorativa dos 100 anos do Amílcar, que acredita ser possível dobrar a dureza do mundo com projeto, planejamento, ciência e esforço coletivo. “Hoje, 100 anos, daqui a pouco 500 e quanto mais o tempo passa, maior é a grandeza que se desvela de sua obra”, afirma Rodrigo Castro, filho do artista.

O escritor Jorge Alberto Nabut acha que é da maior relevância para o MuBE, ter um Amilcar de Castro deste porte; sinal de que Uberaba surpreende sempre, quando se trata de cultura. O MuBE, segundo Nabut, vinha se descuidando de sua vertente principal, a escultura, dedicando-se mais à música e ao retomá-la faz com grande fôlego. “Parabéns, Marcelo Palmério. Com Marcelo e outros, Uberaba pode ter acervo de relevância nacional.”

O artista plástico Paulo Miranda considera o reitor Marcelo Palmério um empresário de visão e dono de sensibilidade ímpar. Conta que era aluno de Arquitetura e Urbanismo na Uniube, quando Palmério o chamou para contar sobre a monumental obra de Amilcar de Castro adquirida pela universidade. Naquele momento, Miranda identificou o ponto de partida para o seu trabalho final de graduação no curso. “A instalação dessa obra é um marco na arte em Uberaba.”





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