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Raul Dutra - O MÉDICO QUE TRANSFORMAVIDAS ATRAVÉS DO OTIMISMOAOS DESAFIOS DO CÂNCER



Por Mariana Provazi


Especialista em trazer esperança de dias melhores e um tratamento eficaz contra o câncer, Dr. Raul Dutra, médico oncologista, conta em um conversa tranquila e amorosa como são os seus desafios diários e motivações para continuar a busca por novas tecnologias e tratamentos que devolvem a vitalidade aos seus pacientes e familiares. Confira abaixo como foi o nosso bate papo e como é a rotina de quem lida com as emoções e desafios da oncologia.


Quais foram as suas motivações para trabalhar como especialista em oncologia?

Já me questionei muito, quando acabei a faculdade de medicina tive muita dúvida de qual especialidade seguir. Na minha faculdade, tínhamos contato com pacientes com câncer, mas não havia um conceito formado sobre o que realmente era a Oncologia. Tive muita influência pela tia da minha esposa, que é oncologista. Fiz residência em Oncologia Clínica, primordialmente porque, sempre que ia avaliar um paciente no hospital independente da doença, o que mais me chamava a atenção não era a doença em si e, sim, o cuidado com os pacientes, especialmente pacientes com câncer. Assim, investir na especialização.


Sabemos que a medicina exige muito do profissional, uma vez que o médico precisa lidar não apenas com a patologia, mas também com os sentimentos do paciente. Levando isso em consideração entende-se que a carga emocional do médico é muitas vezes turbulenta, e para conseguir dar o seu melhor desempenho, quais são as suas alternativas para deixar a sua vida mais "leve"?

Eu diria que a oncologia é uma das mais duras especialidades da medicina, relacionada ao emocional do médico. Existe um cansaço psicológico. Perder pacientes e não conseguir ajudá-los quando fazemos um grande esforço para isso resultam, no médico, em um grande desgaste. Choramos por dentro. Temos que driblar diariamente a carga negativa que um tratamento contra o câncer gera, precisamos de uma válvula de escape, atividades que aliviam. Eu utilizo a atividade física para liberar energia, gosto de passar grande parte do tempo com a família e sempre que dá organizamos viagens, eu e minha esposa amamos viajar, assim dessa forma, vou criando algumas vias para conseguir deixar a vida mais leve.


Dentro do ambiente hospitalar, sabemos que o câncer é uma doença que comove pacientes, familiares e pessoas queridas do paciente, como lidar com esses sentimentos no dia a dia?

Nós (oncologistas) temos a tendência em sermos otimistas. O oncologista passa a se envolver com o paciente e sua família. Com aquele paciente que conseguiu ter um filho após um tratamento de quimioterapia. Com aquelas famílias que foram construídas ao longo do tratamento...Esses são os grandes valores, os grandes presentes da nossa especialidade, o que nos faz lidarmos bem com esses sentimentos.


Diante dos anos como especialista, teve alguma experiência marcante?

As experiências mais marcantes são sempre com pacientes. Uma das mais inesquecíveis foi quando eu ainda era residente na Santa Casa de BH. Um jovem que estava em tratamento linfoma, já estava internado há meses, criamos um vínculo muito bacana, ele iria iniciar um protocolo que iria ficar careca, não queria de jeito nenhum! Era uma pessoa muito simples. Durante o horário de almoço fui ao shopping, comprei o boné que ele tanto sonhava em ter! Voltei e dei de presente, ali ele não se importou em já raspar o cabelo! Ele ficou ainda um bom tempo no hospital, ele não se recuperou. Alguns meses depois, uma mulher me abordou na rua: “Doutor! Foi o senhor quem cuidou tão bem do meu filho lá no Hospital”. Fiquei bastante sensibilizado, ela disse que só queria me agradecer, pois na ocasião não teve chance para isso. Outras experiências, muito marcantes também, são os pacientes que conseguimos ajudar. Recebo grandes agradecimentos e isso me sensibiliza muito.


O que você vê como evolução da medicina daqui a 5 anos?

Eu diria que o perfil da doença será outro. Teremos uma revolução nos tratamentos do câncer. As novidades nos tratamentos oncológicos me entusiasmam muito. Um exemplo são os testes moleculares, os biomarcadores, já disponíveis para alguns tumores, mas que se tornarão ainda mais sofisticados. Como se fosse uma roupa feita por um alfaiate, trata-se de um recurso que permite identificar o câncer de forma individual, com o rastreamento do subtipo do tumor que acomete o doente. Isso torna o tratamento mais preciso e eficaz. Em 5 anos será outra medicina.


O que falta para se chegar à cura total dos cânceres?

Nos últimos dez anos evoluímos muito. Hoje, cerca de 70% dos tumores rastreados no início são curados. A taxa com o câncer de próstata chega a 90%. E com os cânceres avançados, por volta de 40%. Não diria que um dia a doença metastática será erradicada em todos os casos, mas certamente será crônica. Ou seja, conviveremos com ela sem que nos mate.


Há novidades tão expressivas na área dos diagnósticos?

Teremos dentro desse prazo testes genéticos que rastreiam o câncer cinco anos antes de ele atingir os órgãos. Ou seja, poderemos tratar a doença antes de ela se manifestar pelos exames clínicos convencionais.


Para se tornar um médico de sucesso, qual foi a sua maior referência (pessoal e profissional)?

Tenho bons exemplos e boas referências em casa, desde a infância me inspirei no meu avô e no meu tio que eram médicos, ginecologista e neurocirurgião respectivamente. Mas com certeza minha maior referência é a tia da minha esposa, oncologista em BH com quem pude aprender muito, aprendizado que vai além da medicina, com ela (Dra Nedda) aprendi a cuidar de gente! O que está cada vez mais difícil de encontrar em médicos hoje em dia.

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